CACHORRO QUENTE COM PURÉ? – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

CACHORRO QUENTE COM PURÉ?

Em 2013 eu morei em Londres por um tempo extremamente curto pelo meu desejo de ficar naquela terra por tempos e tempos. É uma cidade linda, MARAGNÍFICA, onde eu andava uma média de dez horas por dia a pé, conhecendo cada detalhe que poderia absorver de tudo lá. Voltar foi um momento bastante doloroso. Conto depois.
Uma tarde, eu queria comer algo rápido para não perder tempo e parei em uma lanchonete perto da Tower of London e pedi um hot dog. Atendente me deu um pão careca com um pedaço de linguiça frita dentro. Mas e aí? Onde estava o molho?
Lembrei logo do “Cachorrão da Madrugada”, um caminhão que serve cachorro quente em uma praça da cidade de Rio das Ostras, cidade da região dos lagos no Rio de Janeiro. O caminhão parava no mesmo lugar toda tarde – por volta de dezoito horas e virava a noite vendendo cachorro quente. Com o que? Pois é! Fica a brasileiridade aí e lá tem: molho de tomate na salsicha ou linguiça, milho verde, ervilha, champignon, cebolinha em conserva, picles, catchup, mostarda, ovo de codorna, batata palha, uva passa, anchova, azeitona, azeite, molho inglês, pimenta e mais uma infinidade de coisas. Mas eu juro que eu não me lembro de puré de batata. Nunca pensei em colocar puré de batata no cachorro quente!
Até hoje! Estava no lançamento do livro “Nas colinas de Dorsetshire” de Amanda Bonatti e conversando com várias autoras de livros de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas, a tônica era: em São Paulo eles comem puré de batata no cachorro quente. Doidera! Como eles podem comer puré no cachorro quente e não comer ovo de codorna?
Conheço até quem faça o molho de cachorro quente com salsichas e carne moída. Mas puré?
Isso é a grande beleza desse país imenso chamado Brasil. Somos todos iguais e super diferentes em cada estado, em cada região e, apesar de rirmos muito cada um do sotaque, do modo de vida, da comida do outro, somos todos brasileiros com ou sem puré.
O que, com certeza, não chamamos de cachorro quente, é o pão com linguiça da Sua Majestade.

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

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