D. CLEUSA – SEGUNDO CAPÍTULO – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

D. CLEUSA – SEGUNDO CAPÍTULO

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II

A moça não teve tempo pra pensar sobre o que fazer, mas ainda assim o acompanhou até a sala de estar da casa e lhe mostrou o telefone.

Fábio ligou para a emergência policial e em poucas palavras relatou o que vira. Precisava que a polícia viesse o mais urgente possível. Precisava que alguém lhe dissesse que aquilo não era verdade. Sim, ele tinha certeza que ela estava morta.

Não demorou mais de quinze minutos e um policial a paisana, acompanhado de três outros fardados entraram na casa. Olharam cada cômodo e somente depois vieram dar atenção ao casal que sentado na poltrona da sala, chorava.

_ Quem pode me dizer o que houve? – perguntou o tenente Gilberto.

_ Eu, senhor – levantou-se Fábio.

_ Eu sou o tenente Gilberto – apresentou-se ele.

_ Eu sou Fábio – disse o rapaz. – Foi horrível.

_ O que o senhor viu?

_ Eu estranhei a demora em ser chamado pra benzer – explicou o rapaz, – e de repente ouvi a Magali gritando. Eu corri para o quarto onde D. Cleuza benzia e vi aquela cena que o senhor também viu.

_ Vocês não mexeram em nada?

_ Claro que não, tenente.  Eu não deixei nem a filha dela se aproximar muito. Conheço essas coisas de investigação. Conheço de ver filmes, quero dizer.

_ Você viu alguém que possa ter feito isso? – pergunta o tenente Gilberto.

_ Não sei, senhor. Eu acho que ninguém iria querer fazer mal a D. Cleuza.

_ Ninguém. Tudo bem. Conte-me exatamente o que você viu ou sabe.

Fábio tentou lembrar-se dos mínimos detalhes que pode. Quem estava na sala quando ele chegou, quais a pessoas que entraram antes dele e o tempo que ficou esperando. Lembrou-se do homem de preto que quase caiu ao tropeçar no seu pé ao sair depressa sem olhar pra trás. Lembrou-se por fim do grito de Magali.

_ Quem é esse homem? – perguntou o tenente Gilberto.

_ Não sei! Nunca o vi aqui.

_ Será que a moça não se lembra dele?

_ Pode ser, mas justo hoje o Sebastião não veio.

_ Quem é Sebastião? – perguntou o militar.

_ O filho mais velho da D. Cleuza que fica ali na porta e recebe as pessoas. Ele sim conhece todo mundo.

O tenente perguntou à filha da médium se ela conhecia o tal homem de preto e a menina aos prantos disse que não e que nem mesmo se lembrava de nenhum homem de preto na sala de espera.

_ Tudo bem. Vamos tirar o corpo, enviar para o IML, mas vocês dois terão que nos acompanhar a delegacia para dar depoimentos.

_ Tudo bem, tenente – concordou Fábio esquecendo-se que não poderia sorrir, mas achando o máximo estar envolvido em uma cena de crime.

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

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