DIARIO DO CONFINAMENTO – 22 – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

DIARIO DO CONFINAMENTO – 22

DIÁRIO DO CONFINAMENTO – 22
Dia 17 de maio de 2020
D 61

Mundo:
Confirmados: 4.664.486; Casos recuperados: 1.708.969; Mortes: 312.327;
Brasil:
Confirmados: 312.327; Casos recuperados: 89.672; Mortes: 15.662;
Minas Gerais:
Confirmados: 4.572; Mortes: 150;
Juiz de Fora:
Confirmados: 417; mortes: 23.

Eu quero um abraço!
Eu preciso de um abraço!
Eu não aguento mais ouvir falar de vírus, de pandemia, de morte, de internação, de crise econômica, financeira, política, social ou o escambau! Socorro!
Estou precisando respirar, mas não estou com a maldita virose. Eu quero andar nas ruas sem me sentir quebrando regras. Eu quero ver gente. Eu gosto tanto de gente. Eu quero abraçar meus amigos e dizer que os amo. Se você é meu amigo, convive comigo, está ao meu lado caminhando para qualquer lugar, EU AMO VOCÊ!
A vida continua sombria. Essa semana, choveu, fez sol, teve lua, fez frio ou calor, nada disso fez diferença. Apesar de estarmos confinados, o povo voltou para as ruas. Aqui, em Juiz de Fora, o trânsito começa a ficar difícil.
O Brasil agora é o pior lugar dentro da pandemia. É onde estão existindo maior disseminação e mortes. “O Brasil, S.O.S. o Brasil “. Esse mesmo Brasil que tanto amamos e tantos invejam. Esse Brasil, que agora é o pior lugar no meio da pandemia, vive uma crise política imensa. Perdemos dois ministros da saúde em menos de um mês. Os políticos não sabem o que fazer e, graças a Deus, há aqueles que não seguem cegamente o Estado Maior e não transformam de vez esse “país tropical, abençoado por Deus ” em uma tragédia completa. Não há ainda uma vacina, um tratamento, uma solução. O presidente insiste na Cloroquina, um medicamento que pode causar muitos efeitos adversos e não existe comprovação científica de que resolva a virose.
Uma coisa interessante, as pessoas criticam muito os médicos quando dizem que o paciente estava com uma virose. A virose atual mata. Não perdoa idade, sexo, poder aquisitivo, cor…
Eu soube de mais colegas médicos que tiveram a doença, alguns que se salvaram e outros que morreram. Hoje tivemos mais mortes no país inteiro. Os números estão subnotificados? Sim! Não estão doentes ou morreram somente os números que aparecem na televisão – independente do canal. Há idiotas que falam que o número de mortes e doentes é maior na Rede Globo. Não têm o que falar – aliás, fazem parte do grupo que só fala e não tem coragem e nem vontade de deixar sua zona de conforto e resolver. Reclamar e falar mal é mais fácil!
Eu estou triste hoje. Durante a semana eu trabalhei muito. Dei meus plantões, aulas on-line, escrevi um absurdo de coisas, publiquei uma antologia de poetas do país que acreditaram na minha loucura e participaram de um e-book que foi feito em dez dias e hoje pode ser adquirido na Amazon: “POESIA NA PANDEMIA”. Enfim, eu estou fazendo o possível para me manter em atividade, para levar coisas boas a todos, mas está difícil.
Já tive vontade de tomar cerveja. Eu não gosto tanto assim de cerveja, mas a vontade de sentar em um barzinho e juntar amigos e conversar, “jogar conversa fora”, morrer de rir, está fazendo falta.
Está fazendo falta ir a outro lugar que não seja Santa Casa, Bahamas, Drogasil e Banco do Brasil. Está fazendo falta pegar uma estrada e correr. Ir à outra cidade, passar a noite em um hotel…
Eu quero viajar. Ficar de frente para o Brooklin e acenar para a minha rainha preferida, mesmo sabendo que ela não vai estar lá, quero ver Milão de cima do Duomo e enfrentar filas imensas para subir na Torre Eiffel, quero comer um bife de chorizo no Porto Madero, quero jantar no Giratório, quero andar nas ruas de qualquer lugar, Bahia, Porto Alegre, Curitiba, Norte, Nordeste, Leste e Oeste, eu quero voltar a me sentir livre.
A máscara é obrigatória! Será por todo o tempo que a pandemia persistir. E esse tempo será longo. Muito longo! O ideal é que tenhamos muitas máscaras coloridas para combinar com a roupa. Eu que adoro meias coloridas, talvez faça uma coleção de máscaras para combinar com as meias.
Que Deus esteja de olho em todos nós!

Músicas: Querelas do Brasil de Maurício Tapajós e Aldir Blanc
País Tropical de Jorge Ben Jor

Foto: Avenida Barão do Rio Branco de Juiz de Fora.

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

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