DIÁRIO DO CONFINAMENTO – 23 – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

DIÁRIO DO CONFINAMENTO – 23

DIÁRIO DO CONFINAMENTO – 23
Dia 24 de maio de 2020
D 68

Mundo:
Confirmados: 5.354.539; Casos recuperados: 2.143.815; Mortes: 343.116;
Brasil:
Confirmados: 352.684; Casos recuperados: 142.587; Mortes: 22.291;
Minas Gerais:
Confirmados: 5.995; Mortes: 201;
Juiz de Fora:
Confirmados: 553; mortes: 27.

Mais mil mortes a cada dia!
Uma morte atrás de outra se espalhando pelo país e estamos esperando o que irá acontecer. Grande parte da população está enlouquecendo dentro de casa e grande parte da população está nas ruas com ou sem máscara. As pessoas falam, a televisão mostra, mas o povo insiste em não entender e não ver. Proteção acima de tudo é a ordem! Evitar aglomerações e evitar o contágio. A televisão mostra, mas o povo vê o que quer. O meio que deveria ser o maior ponto de informação, para muita gente é barulho de fundo, para outros é para ver futilidades e para muitos – como se faz com a Bíblia -: cada um entende como quiser. Mesmo que a mensagem esteja clara, saindo da voz do algoz, seus seguidores cegos, entendem como uma coisa boa, uma merda atrás da outra. Televisão, enfim, é distração, mas acima de tudo é informação. O povo é mal informado e tem um conhecimento geral muito pequeno – política governamental desde a época militar: povo sem cultura não pensa e segue qualquer um.
Essa semana, tivemos a divulgação de uma reunião governamental capaz de esclarecer o tipo de governo que temos no país. Há pessoas que ainda estão aplaudindo os “palavrões”, mas com isso também apoiando o desmatamento, o aumento da bandidagem e a opressão ao povo brasileiro. Esquecem que também são povo.
Não acho que a pandemia e a situação de mortes e caos da saúde no país seja oportuna para brigas e discussões partidárias. “Ou isso ou aquilo” é um livro infantil de poesias da Cecilia Meireles (1964) que incita as crianças à escolha entre uma e outra.. A escolha é fundamental, afinal o que vivemos hoje é fruto de escolhas do passado. Mas a grande massa insiste que tem que escolher entre o ruim e o pior. Atualmente, no Brasil, a pandemia do Corona vírus virou uma crise política. Estamos em uma crise na saúde absurda e uma crise política pior que o próprio vírus. Ainda estamos sem ministro da saúde e o mundo inteiro pesquisa e fala contra o uso da cloroquina em pacientes com corona vírus. Aqui, se insiste na mesma tecla.
Quem é pior nessa crise? Nós mesmos. Não sabemos, não queremos saber, não nos importamos com o que está acontecendo… É melhor fechar os olhos e ouvidos – alguns deveriam fechar a boca – e apoiar esse ou aquele “ídolo”. Todos deveriam pensar que esses “ícones” não estão nem um pouco interessados na melhoria do país ou na camada da população de baixa renda que está cada dia mais pobre e, cada dia mais, relegada a um canto.
Mil mortes a mais. Tudo bem! Corona virus só mata velho. Mentira. Só mata gente na televisão, mentira – mata amigos, familiares. Só mata europeu. Mentira! O Brasil está abrindo milhões de covas todos os dias. E tem gente que ainda insiste que quem mata mais e que quem fala mal e que quem está sempre fazendo campanha contra é uma ou outra emissora de TV. Quando todas estão mostrando a mesma coisa e falando a mesma língua, a coisa é bem diferente, não?
A pandemia está tomando conta do país. Estamos todos com medo de sair de casa e voltar a trabalhar. Quero voltar a operar e ao mesmo tempo estou preocupado com meus pacientes – eu posso ser um transmissor -, preocupado comigo. E aí? O que fazer? Continuo fazendo meus plantões na UTI da Santa Casa, me cuidando e me expondo aos riscos. Todos nós estamos enfrentando o inimigo de perto.
A área de saúde, policiais, garis, pessoal que atende no comércio de existenciais não podem parar. Mas a carreata que passa na rua em frente de casa pede para expor todo mundo a riscos. Eu já disse: o patrão quer expor seus funcionários para continuar ganhando dinheiro enquanto permanece protegido no seu lar.
Tenho postado as crônicas do “Diário do confinamento” em frequência menor por que estou envolvido em mil projetos de estudo e literários até porque consigo levar a milhares de pessoas, coisas boas para aliviar a dor, a solidão, a situação estressante atual.
Estou extremamente preocupado com o Brasil. Preocupado com o povo brasileiro. Preocupado comigo, com minha família, com meus amigos. O que virá por aí?
“Como será o amanhecer? O que vai ser do meu destino?”…
Somente Deus pode definir!

Música: O amanhã – canta Simone, composição de Didi / João Sérgio. Samba enredo da G.R.E.S. União da Ilha do Governador em 1978.

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

2 comentáriosDeixe um comentário

  • O Diário do Confinamento 23 é mais uma evidência da sensibilidade e bom senso do autor . Mostrando a realidade ele aponta para os problemas existenciais q ué nos atingem e revela a sua empatia pela dedicação a projetos que atingem a pessoas que, com atividades diversificadas encontram- se meio perdidas no caos em que vivemos.

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