DIÁRIO DO CONFINAMENTO – 3 – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

DIÁRIO DO CONFINAMENTO – 3

25 de março de 2020

D 8 de confinamento

O dia é longo! O corpo dói!
Fazer alguma coisa – tem um monte de coisas para fazer e estou fazendo. Hoje arrumei papéis. Claro, joguei muito lixo fora.
A gente tem mania de juntar coisas. Uma coisa que não é mais útil por determinado tempo – há quem diga dois anos – não serve mais. Escritor, professor, enfim, juntamos muito papel. Uma beleza! Papel se acumula e enche o espaço. Não adianta ninguém arrumar um escritório de outra pessoa porque por mais organizado que seja, vai tirar tudo da ordem da “bagunça organizada”. Isso é meio loucura, mas quem não é um pouco louco nesse mundo? Alguns muitos!
Eu não consegui arrumar o escritório todo. Impossível em um dia! Arrumar a estante então, seria para uma “oitentena”, quarentena é pouco.
Não importa!
Estamos confinados hoje no oitavo dia sem ver a “cara da rua”, a brisa do mar – aqui nem mar tem -, o barulho delicioso da rua em horário de pico, cheia de gente, carro, moto, ambulância, polícia – isso é lindo! É a verdadeira paz para um sujeito totalmente urbano como eu. Há dias, que a cidade está parecendo aquela mesmice silenciosa do interior que tantos gostam.
Se eu não tivesse feito plantão ontem à noite no CTI, eu nem saberia que hoje é quarta-feira. Eu estava preocupado com o que encontraria no trabalho. Ainda foi um plantão tranquilo já que a previsão do pico da doença no país e, claro, aqui em Juiz de Fora, será da semana que vem para frente.
Enquanto isso, vamos continuar gritando na rede: ” FIQUEM EM CASA!”. Apesar de muitos acharem que não existe uma pandemia tão séria. Os números de mortos no mundo, devem ser fake. O cancelamento de eventos importantes como o Sarau da LEIAJF ou das Olimpíadas do Japão é uma bobagem frente a essa gripezinha que estamos enfrentando. Espero que nós da equipe da saúde consigamos dar conta do caos que esperamos para o mundo. Consigamos curar, quando pudermos, aliviar, quando nos for permitido, dar carinho e conforto, sem nos contaminarmos e, talvez, até virarmos pacientes ou estatística…
Deus nos ajude!

Sobre o autor Ver todas as postagens

Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

2 comentáriosDeixe um comentário

  • Quem nunca pediu, nesse mundo atual, um pouco de tempo para arrumar suas coisas? Trabalho, casa, familia…. muita coisa para 24 horas diárias. Sempre pedimos mais horas em um dia… Então, finalmente, a concessão de horas extras aconteceu. Agora não sabemos como fazer ou mesmo o que fazer com tantas horas sobrando no dia; engraçado né?

Deixe um comentário para Daniel Cancelar resposta

Seu endereço de email não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados *