Eu estava em casa no meu aniversário sozinho. Devido à pandemia, eu não poderia fazer nenhuma festa, não poderia ter amigos na minha casa porque seria aglomeração. Eu sempre adorei aniversários. Sempre gostei de reunir família e amigos e fazer uma festa. Minha bebida preferida era vinho tinto. Continuei fazendo festa, mesmo depois de ser transformado e ter parado de contar minha idade.
A transformação se deu em uma festa que fui convidado e, em determinado momento, Augspartem e Douglas me morderam e sugaram meu sangue. Quando acordei, três dias depois, Luciano me ofereceu o que eu mais queria naquele momento: uma taça de sangue fresco. Eu era um novo vampiro, transformado pelos meus próprios seres da noite.
Estava na sala, sozinho, tomando uma vodca gelada quando ouvi baterem à porta. Assustei-me, mas fui atender. Abri a porta e me assustei:
_ Augspartem , o que você está fazendo aqui?
_ Eu vim para uma festa de aniversário – respondeu o vampiro milenar.
_ Uai, que bom – eu estava contente. – Entre! Você não precisa de convite para entrar em minha casa.
Ele entrou e antes de chegarmos à sala, a campainha tocou novamente e eu me voltei para abrir. Novo susto. Estavam à porta Douglas , Leonardo, Luciano, Mariette , Diego , Samuel e Saturno .
_ Meus queridos, que prazer – cumprimentei-os com beijos nas faces. – Entrem.
_ Você acha que a gente iria perder o seu aniversário, pai? – perguntou-me Douglas.
_ Impossível deixar passar esse momento, pai – continuou Luciano.
Eu continuava achando estranho o fato de todos me chamarem de pai, mas estava feliz. Samuel, o vampiro, também me cumprimentou.
_ Samuel, onde anda o Victor? – perguntei.
_ Está em Florianópolis com a família – respondeu- me ele. – Mandou abraços.
_ O Humberto também mandou abraços – interrompeu o índio Saturno, outro vampiro amigo.
_ Também não quis vir? – perguntei.
_ Não. Ele está ocupado com outro livro.
_ Entrem, entrem! – convidei.
Mariette era a única mulher vampira presente. Estava linda como sempre. Diego era o mais quieto. O vampiro argentino quase não falava. Leonardo levou-o até Augspartem já que eles não se viam há muito tempo. A minha sala estava cheia de vampiros e o cheiro de Patchouli dominava tudo. De repente um barulho e no mesmo momento, eu vi que o meu celular estava tocando e o atendi.
─ Alô Artur!
─ Quem fala?
─ Eu Sou o Neculai e estou vendo que alguém acabou de roubar um dos seus presentes.
─ Como você sabe disso?
Eu escutei o barulho da janela quebrando e uma pessoa caindo do lado de fora.
─ Não se preocupe. As vezes é bom jogar os nossos problemas pela Janela! Ha Ha Ha! – riu ele. – Mas já recuperei seu presente. Eu gostei do sangue do ladrão. Ha ha Ha.
Chegando à janela perguntei:
─ Neculai, você poderia devolver o meu presente?
─ Deveria me convidar para a Festa primeiro Artur – respondeu ele.
─ Tudo bem Neculai. Pode entrar na festa.
Eu senti uma caixa de presente ser jogada no meu colo e uma mão sendo colocada em meu ombro. Era o Neculai sorridente.
─ Podemos tirar uma selfie para os meus fãs?
─ Claro, Neculai. Vamos sorrir! Ha ha ha! – concordei eu. – Quero que você conheça os meus filhos todos. Ainda estão aqui Saturno e Samuel.
_ Ótimo – Neculai tirou a foto. – Ficou ótima a foto.
Augspartem se levantou e, com um copo de vodca na mão brindou ao meu aniversário. Os outros vampiros beberam aquilo que estavam acostumados. Samuel, Saturno e Neculai estavam com uma taça de sangue nas mãos.
Éramos, então, dez vampiros reunidos na minha sala na casa que construí bem afastada do centro para minha nova vida noturna. Para os vampiros não há problemas em vencer distâncias com a velocidade vampírica. O único que ainda continuava a dirigir um carro era Douglas. Ele adorava carros.
_ Eu vou embora, Artur – avisou Neculai deixando o copo de sangue vazio na mesa. – Não gosto muito de festas só de vampiro – ele riu. – E eu preciso conhecer Juiz de Fora.
_ Cuidado.com o que fará na minha cidade – advertiu Douglas, o vampiro de Juiz de Fora.
_ Pode deixar – ele se foi.
No mesmo momento, novamente a campainha soou e eu fui atender. Levei um grande susto. À minha frente, de cabelos grandes, óculos redondos e azuis, um sobretudo fantástico – daqueles ingleses que eu amo tanto -, estava Drácula .
_ Uau – eu sorri – que prazer imenso!
_ Eu não poderia perder o seu aniversário, Artur. Não existem tantas festas assim para nós – ele explicou me cumprimentando como um inglês tradicional a que se acostumara depois de sair da Transilvânia. _ Eu trouxe mais um convidado que também faz aniversário junto com você.
Eu olhei para a pessoa que ele trouxera e minha alegria se multiplicou, ao seu lado estava o vampiro Bram Stoker que muitos julgavam morto há muitos anos. Eu não resisti e abracei o inglês. Ele achou estranho esse gesto brasileiro de cumprimentar as pessoas, mas cedeu e me abraçou também.
Eles entraram e minha festa estava completa. Bram Stoker, apesar de ter-se transformado em vampiro, não deixou de tomar um bom uísque. Serviu-se e, depois de apresentado a todos, sentou-se perto de Augspartem para conversarem. Drácula, o vampiro mais famoso do mundo também quis conhecer Frederich Augspartem, o vampiro mais velho de todos.
Minha festa estava ótima. Muitos vampiros não foram convidados e eu esperava que isso não me causasse problemas futuros. Olhei para minha sala e eu estava muito feliz com meus seis filhos, os amigos Samuel e Saturno, Drácula e Bram Stoker. Pena que Neculai saiu antes.
Que rolasse a festa!
Frederich Augspartem – A mansão do Rio Vermelho – Vol 1,2 e 3.
Douglas – O vampiro Douglas – inédito.
Leonardo, Luciano e Mariette – A taxista vampira – inédito.
Diego – Sangue nas Sombras da Noite – Antologia vampírica
Samuel Dantas – vampiro do autor Victor Carvalho – inédito.
O vampiro Saturno – Humberto Lima – Editora Arkanus – 2020
Neculai – vampiro de Adriano Siqueira – (https://contosdevampiroseterror.blogspot.com/2015/01/as-historias-do-vampiro-neculai-em.html)
DRÁCULA – O PRÓPRIO
Bram Stoker – autor de Dácula.