O MISTÉRIO DA CASA MARROM – CAPÍTULO 5 – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

O MISTÉRIO DA CASA MARROM – CAPÍTULO 5

V

Mateus queria gritar, mas preso pela magia do demônio não conseguia emitir um som. Queria se mover, mas estava paralisado da cintura para baixo onde suas pernas já estavam embrulhadas naquela calça azul cheia de fios de energia que roubavam a sua própria energia. Ele estava apavorado. Suas mãos também estavam contidas por algemas de energia demoníaca e ele observou o demônio de cabelos brancos, sujos e longos se aproximar dele. Ele trazia mais uma peça de roupa para vestir o tronco do rapaz. Ai, pensou Mateus, será o fim. Ele não poderia deixar que aquele ser fizesse isso com ele. O atleta que caminhava na véspera pela estrada deserta, debaixo de um sol escaldante, sentiu uma agonia imensa. Ele não iria se deixar vencer e se concentrou. Com uma força mágica que havia esquecido de usar, sentiu os punhos contidos. Enviou em pensamento toda essa força para suas mãos e sentiu queimar onde os grilhões o prendiam. Suando frio e com muita força de vontade, soltou uma das mãos e logo após a outra. No exato momento em que o demônio se aproximou ele agarrou os cabelos encardidos e os puxou com força. O ser maligno se desequilibrou e soltou a roupa que trazia mãos para se segurar na cama. Nesse momento, Mateus, lhe deu um soco violento e o jogou no chão. O demônio riu e deixando escapar uma saliva escura levantou o rosto onde o nariz de tão grande escondia a boca de dentes pontiagudos e escuros. Os olhos vermelhos iluminaram o local e Mateus conseguiu gritar.
_ Mãe – sentiu uma dor no peito, mas gritou novamente: – Mãe!
_ Não adianta gritar pela mamãe, rapaz! Aqui não tem ninguém.
O homem de roupas sujas e fedorentas se levantou e se preparou para investir contra sua vítima no exato momento em que se ouviu uma explosão no teto do porão. Ele foi lançado longe e bateu na parede de vidro. O cheiro de putrefação ficou muito pior. Ele estava aturdido com aquela confusão e quando tentou se erguer havia na sua frente duas mulheres. Olhou e viu a terceira mulher libertando Mateus.
Elas se aproximaram dele e levantaram as mãos. Começaram a imobilizá-lo, mas ele era muito forte. Era muito poderoso e acumulava a energia daquelas almas que estavam presas naqueles corpos podres envolvidos naquele pano azul. Teve uma hora que x achou que não iriam aguentar e que todos os seus esforços seriam inúteis. Mateus percebeu que elas precisavam de ajuda e se postou entre elas. Levantou as mãos e quase não acreditou quando viu o raio de luz que saiu de suas mãos e atingiu o anjo negro caído no chão. Ele aumentou a descarga de energia e explodiu o maléfico ser. Os quatro bruxos sentiram uma onda de energia passar por eles ao se dispersar na natureza.
_ Obrigado – Mateus agradeceu às três bruxas que prometeram cuidar dele para sempre.
_ Sempre estamos com você, meu filho – a mãe tentou acariciar o rosto do filho, mas ele apenas sentiu um leve arrepio onde o espírito o tocou.
_ Obrigado – ele olhou para os outros espíritos das bruxas que conheceu na infância.
As três bruxas que sempre o acompanharam em espírito, sorriram.
_ Eu não sei o que fazer – lembrou Mateus.
_ Siga seu caminho e vá ver seu avô – sugeriu sua mãe. – Nós temos muito que fazer nessa casa – ela olhou para os corpos caídos atrás da parede de vidro quebrada e todos se voltaram nessa direção. – Os espíritos dessas vítimas estão sendo libertados de suas prisões e nós temos que ajudá-los.
_ Façam isso! – pediu Mateus observando que um homem vestido como nos anos cinquenta se aproximava deles.
_ Por favor – chamou ele. – Podem me dizer onde estou?
_ Com certeza, senhor – se adiantou uma das bruxas mais novas. – Precisamos conversar.
_ Meu filho – chamou por Mateus o espírito de sua mãe, – não se esqueça mais dos seus poderes.
_ Não me esquecerei – prometeu o rapaz.
_ Esse homem, esse demônio que você destruiu era o lobo que devorava as pessoas que passavam por aqui. Conte ao seu avô que você o matou.
_ Farei isso, mãe. Obrigado.
_ Vá em paz – disse ela. – Suas roupas estão na sala. Use a touca que está sobre ela para te proteger do sol.
O rapaz subiu e no local onde sua mãe lhe recomendou estavam suas roupas e um chapéu vermelho que lhe protegeria do sol até chegar na casa do avô, no meio da floresta.

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

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