O PUDIM DE QUEIJO DA MINHA AVÓ – Pão de Canela e Prosa
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O PUDIM DE QUEIJO DA MINHA AVÓ

Quando eu era criança, o Natal era comemorado com o almoço na casa da minha avó Célia, mãe do meu pai. Ela teve seis filhos, mas dois partiram mais cedo. Tio Wilson e tio Ely morreram na década de cinquenta. Meu avô, Arthur Laizo, morreu no ano que eu nasci e ele eu também não conheci.

Reuniam-se então, na casa da minha avó, meu pai, minha mãe, Tânia e eu, Tio Edir com a esposa, tia Eulta e o filho Edewanderson, tio Jurandir com a esposa, tia Elza, o Ricardo e a Rosane. Moravam com a minha avó a tia Nelcy, sua filha mais nova com o marido José e os filhos, Gilson, Cleide e Denise.

Importante ressaltar que no meio desses filhos da segunda geração, eu era mais velho em torno de oito anos. Mais tarde, depois da morte da tia Elza, tio Jurandir se casou de novo com a Conceição e teve a Anália e a Ana.

Minha avó cozinhava muito bem e servia muitas iguarias nesse almoço que era a reunião de sua família – apesar da tristeza imensa que ela nutria pela morte dos outros, principalmente pela morte do tio Ely que era o mais querido. Todo ano ela se servia de seu “aveiro” – o galinheiro dela tinha muitos tipos de aves – e nos servia frango, pato, peru, além da carne de porco e boi acompanhadas de arroz de forno, farofa e saladas.

Melhor de tudo no almoço era o que viria de sobremesa: um milhão de doces diferentes que ela mesma fazia. Doce de leite, de coco, de figo, pêssego, pudins – em especial havia o pudim de queijo que eu brinco dizendo que ela levou a receita com ela quando morreu. Eu nunca mais comi um pudim de queijo tão bom.

As famílias chegavam – muitos só se suportavam por causa da minha avó – e as crianças recebíamos um monte de presentes. Era a hora do almoço a hora da troca de presentes na casa da minha avó. Ficávamos ali até a tarde e eu tenho imagens muito boas dessa época.

Claro que o tempo passa. As crianças crescem e os adultos envelhecem, alguns morrem. Depois que minha avó morreu, aqueles que só se encontravam e se toleravam no Natal, pararam de se ver e cada casa passou a fazer o seu Natal. Acho que isso é a evolução natural das famílias, seguirem juntas em cada núcleo.

Hoje somos só os primos, somente os netos da minha avó estamos vivos. Há primos, no entanto, que eu não vejo há mais de vinte anos. Amo todos eles, mas o Natal nunca mais será o mesmo. Talvez um dia a gente se encontre. Feliz Natal para todos eles.

E como eu digo, nunca mais haverá um pudim de queijo como o da minha avó. Falo isso sempre! Um detalhe importante: eu não lembro o gosto do pudim de queijo da minha avó. Vou poder dizer para sempre que o dela era o melhor, mesmo se me for servido o mais maravilhoso deles.

Feliz Natal! Feliz Ano Novo.

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Artur Laizo Escritor

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