OS ANOS TERMINADOS EM NOVE – Pão de Canela e Prosa
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OS ANOS TERMINADOS EM NOVE

Pode ser coincidência, ou talvez não, mas meus anos terminados em nove, todos que vivi nessa minha vida milenar, foram ruim. Uma situação de dor por uma perda qualquer, uma falência financeira, uma doença de alguém próximo, uma depressão profunda e insuportável, uma perda, uma perda…
Todos os meus anos terminados em nove foram de “fundo de poço” e tentativa de sobreviver. Consegui várias vezes como vou conseguir nessa também. Os anos que vêm depois desse número fatídico, cabalístico e aterrorizante, são mais fáceis e de recuperação plena.
Meus amigos humanos e vampiros não percebem a influência negativa desse nove e vamos todos vivendo em harmonia e paz. Faço às vezes, algum feitiço, peço às bruxas, feiticeiros e magos do universo que me abracem e me confortem, mas nem toda essa magia, essa energia imensa do infinito que eu ainda não sei manipular direito, me tiram do chão que nesse momento é o melhor lugar do mundo, perto de um copo de vinho tinto, ou de sangue rutilante.
Conclamo todos os seres místicos com os quais convivo. Alguns lobos se aproximam, outros uivam de longe e só me observam. Quero correr pela mata nu e desligado de todas as correntes que me aprisionam, mas eu sou mais humano que fera, mais homem que vampiro, mais carne que espírito – vou sofrer as consequências do frio, dos traumas na pele, na carne…
Hoje já estamos no meio do mês de agosto. Já é fim de ano! Daqui para as “benditas” festas de Natal e Reveillon, falta menos do que possamos imaginar. “Então é Natal!” gritará a Simone repetidamente desde décadas, não diferente de hoje em vários lares que estarão em paz para o Natal até o álcool começar a deixar sair tudo aquilo que os parentes pensam uns dos outros e se instalar a discórdia de todo ano.
Enfim, faltam alguns dias para o Natal e o ano vai continuar péssimo! O ano vai continuar me incomodando e me causando feridas nos ombros e nos braços. Só vou respirar novamente no primeiro dia do ano que vem e, por experiência de séculos de vida, vou me preparar para 2029. Acredito que até lá terei como me fortalecer para sobreviver mais uma vez. Se não conseguir, deitar-me-ei ao sol, inimigo de todos os vampiros e deixarei me incinerar.
Fim!

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Artur Laizo Escritor

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