PRANTEAR MEUS MORTOS – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

PRANTEAR MEUS MORTOS

 

Creio que chegou a hora de prantear meus mortos:

Meus amores mortos,

Meus sonhos mortos,

Meus desejos mortos,

Minha vida quase morta

Por milhão de razões indeléveis.

 

E no velório dos meus mortos,

Há tantos amigos que não virão,

Deixaram de ser amigos,

Há tantos amores que não virão,

Deixaram de me amar a tempos,

Há tanta vida que não vivi,

Deixei de lado por não saber viver…

 

Quero um ritual fúnebre e tenso.

Não quero alegria, música, sorrisos.

O dia é de prantear os mortos

E eu estou morto no meio da sala

Rodeado de velas incandescentes

Uma para cada coisa que não vivi,

Uma para cada amor que não amei,

Uma para cada amor que não me amou,

Uma para cada sonho que perdi.

 

Chegou a hora de prantear meus mortos!

Quero chorar por cada falta que me fazem.

Quero lembrar-me de cada pessoa que passou por mim

E não quis ficar,

E preferiu ir embora,

Ousou me esquecer e deixou-me ao relento…

Chegou a hora de prantear meus mortos

E nem mesmo companhia tenho nesta hora.

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

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