SOZINHO – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

SOZINHO

Sozinho

Sinto-me mais sozinho
que dantes
quando era mais sozinho
que agora!

E a solidão
– eterna companheira -,
senta-se à mesa tão faceira,
tornando falsa
minha loucura verdadeira!

Sinto-me mais sozinho
com o frio que invade o coração,
com o sol que queima o rosto,
com a chuva eterna sobre mim!

Não há neste porto
onde atraquei meu barco cansado,
som, luz – não há nada!
Há apenas a solidão
que me acompanha,
que sorri das minhas mágoas,
que enaltece minhas lágrimas,
que me impele a tentar…

Sinto-me mais sozinho,
cada vez que vejo o horizonte,
cada vez que escuto o silêncio,
cada vez que a vida
teima em permanecer comigo…

Talvez devesse correr
pra longe
desse mar aberto e ávido
que me chama,
que chama minha alma,
que repele todo meu sentimento.

Sinto-me mais sozinho
a cada dia que amanhece
depois da noite dorida,
depois da insônia sofrida
que não mais me satisfaz!

Enredar pelos caminhos loucos
do meu desejo mais cruel,
não seria a forma eficaz
de construir a vida,
de destruir os males do amor,
de contentar meu ser.

Sinto-me mais sozinho
a cada passo que dou
rumo ao sono eterno!
Não haverá companhia também na morte!
E sei – com toda força do meu desejo -,
estarei só no momento derradeiro.

Sinto-me mais sozinho
que dantes
quando era mais sozinho
e apenas não sofria!

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

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