É claro que do tempo em que tentávamos provas de residência médica, houve muitas viagens engraçadas.
Houve aquela primeira prova que fomos fazer em Belo Horizonte ainda em outubro – formar-nos-íamos em dezembro – e o ônibus era quase todo da nossa turma da faculdade. Fazíamos uma confusão dentro do veículo e, me lembro bem, logo depois da parada em Conselheiro Lafaiete, ainda tínhamos um longo percurso até Belo Horizonte. “Lá pelas tantas”, eu resolvi dizer ao Júnior ao meu lado, que estava com vontade de urinar – o ônibus na época, não tinha banheiro.
– Pede para parar o ônibus – disse-me ele.
– Não – respondi. – Dá pra esperar.
– Será que dá? – perguntou-me ele.
– Dá sim – respondi com convicção.
– Sabe o que é pior? – começou ele. – É que o rim não sabe. Aí o sangue passa pelo glomérulo e o glomérulo filtra e vem aquela gotinha de urina pelo ureter – ele olhou para mim – e chega na bexiga e faz “pim”.
– Chato! – respondi. – Fica quieto!
Mais cinco minutos de viagem e ele virou-se para mim e disse:
– Vem escorrendo pelo ureter e “pim”
– Para, cara – disse eu.
– Mas o rim não para – disse ele sem sorrir, – “pim”.
– Fica quieto!
O resto do ônibus conversando outras coisas, todo mundo alegre e tenso pela prova a vista e eu olhava para ele e ele dizia:
– “Pim”.
O “pim” realmente doía na bexiga repleta de urina e, acredito, no corpo inteiro: “Pim, pim, pim”.
Eu olhava para sua cara de sacana, impassível como lhe é próprio, sem sorrir, e ele dizia:
– “Pim”.
Não aguentando mais, logo depois me levantei para pedia ao motorista que parasse o ônibus e disse para o resto da turma:
– Se alguém me “gozar” eu meto a mão.
KKK , VOCÊ É MUITO SUSTIONÁVEL , KKK
kkkkkkkkkkk
Você não imagina o sufoco que foi!