O MISTÉRIO DA CASA MARROM – CAPÍTULO 01 – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

O MISTÉRIO DA CASA MARROM – CAPÍTULO 01

Ele estava perdido. Mateus vinha caminhando por todo dia de sol quente e não achava nada ou nenhum lugar onde pudesse aplacar sua sede ou sua fome. A estrada sinuosa de terra e pedregulhos contribuía para aumentar o seu cansaço. Mas ele tinha esperança de conseguir chegar ao seu destino. Ele não se lembrava mais porque estava caminhando naquele lugar. O sol castigava sua pele pálida e a fome começava a brigar com sua lucidez. Parecia que seu estômago vazio quisesse comer o resto do corpo para se saciar. Houve horas em que a fome e a sede doeram juntas e ele quase caiu. A camisa estava ensopada de suor, mas se ele a tirasse, o sol iria castigar todo seu corpo musculoso.
Mateus estava conseguindo caminhar tanto por ser um jovem de vinte e oito anos e ser um atleta. Ele trabalhava o corpo na musculação e corrida. Os cabelos sempre longos ajudavam a proteger o pescoço, mas também contribuiam para aumentar o calor. O rapaz os prendeu na nuca enquanto caminhava.
Quase não se aguentando mais, avistou uma casa à esquerda da estrada. Era uma casa alta, construída provavelmente no início do século passado. As paredes de madeira eram pintadas de marrom avermelhado e as janelas estavam fechadas. Mateus pensou que se não tivesse ninguém na casa, pelo menos ele poderia descansar. Se fosse habitada, alguém lhe daria pelo menos um copo de água.
Aproximou-se da construção que lhe pareceu muito maior quanto mais se aproximava. Do telhado austero de telhas de barro, até a escada que chegava à porta da frente, tudo naquela casa era sombrio. Mateus sentiu que havia ali uma energia ruim, mas sua fome falou mais alto.
Subiu as escadas e bateu na porta. Ouviu que algo fez barulho dentro da casa e depois ouviu passos. Ele aguardou e se assustou quando a porta se abriu e apareceu um homem de cabelos brancos, embora sua face demonstrasse que não era velho. O dono da casa deveria ter no máximo quarenta anos. Tinha um par de olhos verdes que iluminavam sua pele alva. Ele olhou para o caminhante com igual surpresa e perguntou:
_ Posso ajudar de alguma forma?
_ Por favor, eu estou perdido nessa estrada, caminhando há horas sem encontrar viva alma ou qualquer informação…
_ Deve estar com sede, com fome – disse o homem. – Entre. Vou ver como posso ajudar você.
Mateus ficou na dúvida entre entrar naquele lugar sombrio ou morrer do lado de fora de inanição. Optou por aceitar o convite do homem que exalava um cheiro estranho para o rapaz, mas era sua melhor opção no momento.
A porta atrás dele se fechou e o homem o conduziu para o interior daquela casa escura.

            

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

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