Eu estava saindo de Barbacena pela avenida que leva do Centro à BR O-40, quando o vi. Era uma criança por volta de oito anos que vendia bala no semáforo.
Quando eu o vi, me comovi com o tamanho do menino, com sua simplicidade e com sua carinha de fome.
Não sei quem é e nem mesmo pude ajudar comprando sua mercadoria porque antes que ele chegasse perto do meu carro, o sinal verde mandou que os carros seguissem em frente e ele se afastou para a divisória da avenida.
Saí da cidade, peguei a 0-40 em direção à Conselheiro Lafaiete ainda pensando nele: O olhar pedinte, o rosto tão sujinho, as roupas sujas e rasgadas, nem reparei se ele estava calçado ou descalço. Algo deveria estar protegendo seus pés do asfalto quente do calor de sábado passado.
Cheguei ao meu destino, fiz tudo que deveria ter feito, mas não consegui esquecer o menino. Queria ter um meio de ajudá-lo. Mas já vi muitos outros meninos vendendo balas no sinal e muitos adultos vendendo alguma coisa ou, simplesmente, pedindo esmolas. Não dá para ajudar a todos, não dá para arrumar emprego pro rapaz que pede esmola e não tem condições de ter um emprego, porque não há emprego para pessoas como ele. Não dá para tirar das ruas a moça deficiente que pede esmolas sorrindo e nos manda seguir com Deus, mesmo quando não a ajudamos. Não dá para tirar das ruas a senhora, bastante idosa, que anda entre os carros pedindo socorro. Não deu para ajudar ao homem velho e incapacitado que somente se sentava na calçada da Rua Floriano Peixoto, esquina com a Avenida Rio Branco. Ele não tinha mais forças para pedir o trocado para a comida que lhe fazia falta.
Não dá para ajudar a todos que precisam porque são muitos. Muita gente hoje, passa necessidades no país e no mundo.
Imaginemos, já que temos esses exemplos nas nossas ruas do centro, a necessidade dessas famílias no interior de seus lares, se tiverem lares, na periferia. Imaginemos o que está passando o povo brasileiro de baixíssima renda que às vezes não come há dias.
Pensei de adotar a criança do sinal. Já pensei em adotar tantas crianças necessitadas. Impossível! Além do que, somente esse meu ato não vai mudar o mundo e acabar com todas as necessidades dos seres humanos que têm uma sobrevida difícil, quase morte.
Muitos escolhem caminhos tortos porque é mais fácil entrar, mesmo sabendo que a morte os espreita a qualquer momento. Não dá pra julgar ninguém.
Precisamos ajudar com o pouco que podemos e buscar outras formas de apoio para esses irmãos.
O menino do sinal, talvez eu nunca mais o veja, vai crescer, vai se tornar um homem que terá tido uma vida difícil e complicada. Vamos torcer para que essa dor o ajude a vencer no caminho do bem.
Que Deus o proteja e a todos nesse planeta.
BALA NO SINAL

Profundo… Sensível… Impactante… Inspirador… Transformador… Obrigado!!!