VAMPIROS NA BIENAL 2025 – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

VAMPIROS NA BIENAL 2025

Eu estava andando pela Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro e, de repente, senti, no meio da população que se atropelava, um cheiro impar: Patchouli! Cheiro de vampiro.
Olhei em volta procurando um de nós e tive a grande satisfação de ver, a um canto, sorrindo pra mim, o Vampiro Douglas, a Vampira Marriete e o chefe de todos nós, Frederico Augspartem. Sorri de alegria e cheguei perto deles.
_ O que estão fazendo aqui? – perguntei.
_ Viemos prestigiar o seu lançamento, pai – explicou Douglas que como os outros vampiros insistiam em cuamar-me de pai.
_ Uai, que bom – fiquei muito feliz. – Já viram o livro novo?
_ Sim, mas estamos achando um absurdo – começou Augspartem. – Como você pode mudar tanto e publicar um livro romântico?
_ Pois é – eu sorri. – Variando um pouco.
_ Fernando está muito triste com vc – lembrou Marriete do vampiro do meu próximo livro. – Ele nem quis vir aqui.
_ Mas eu vou acabar de escrever a história dele – afirmei.
_ Desde que não demore o mesmo tempo que gastou para escrever a minha história – zombou Douglas.
_ E demorou mesmo para escrever. Hoje, O VAMPIRO DOUGLAS é o seu livro! – disse Luciano entrando na conversa.
_ Olha, você também veio, Luciano – eu o abracei e beijei seu rosto.
_ Claro, pai – respondeu ele. – Eu não iria perder o seu lançamento e esse lugar é tudo de bom.
_ Muita gente bonita, né, Luciano – brincou Douglas.
_ Muito homem bonito – explicou Luciano. – O resto eu nem vi.
Rimos todos.
Augspartem me deu o braço e começamos a seguir em direção ao Estande da Litteris Editora, minha atual Casa Literária.
_ Como está o Jaime? – perguntei.
_ Está muito bem. Ele prefere não sair da MANSÃO DO RIO VERMELHO – respondeu o mais antigo dos vampiros.
_ Há muito tempo não o vejo – lembrei eu.
_ Há quanto tempo você não vai a São Luiz, pai? – perguntou o vampiro milenar.
_ Muito tempo -:assenti. – Goretti também não vejo há muito tempo.
_ Goretti está muito bem – interferiu Douglas cada dia mais apaixonado pela jornalista.
_ Que bom – era só o que eu poderia dizer.
Caminhamos no meio de tanta gente, ninguém nos via ou impedia nosso caminho. Cinco vampiros, em pouco tempo chegamos ao Estande da Editora Litteris.
O local estava cheio como sempre. É uma Editora que mostra excelente qualidade nos trabalhos literários e tem hoje, grandes autores.
Entramos os cinco e não fomos notados. Nós, os vampiros, temos como utilizar esse dom e não sermos vistos.
_ A melhor capa é a minha – se exaltou Douglas.
_ Não concordo – interferiu Martiete. – Minha capa é a melhor: MARRIETE, SANGUE ETERNO.
_ Será que eu vou ter um livro também? – perguntou Luciano.
_ Claro, querido. Em breve.
_ Mas conta pra gente do que se trata esse seu novo livro sem vampiros – impôs Augspartem.
Como chefe de todos nós e como o vampiro que eu tanto respeito, não tive como não obedecer.
_ DESEJOS, ENTRE AMORES E CONFLITOS é uma história onde oito amigos, conhecidos há muito tempo se reúnem para uma festa. Claudinei é o culpado dessa confusão que vai virar a vida de todos de cabeça pra baixo.
Ele convidou amigos para essa reunião, inclusive a esposa que mora em outra casa há anos. Eles se amam, mas não conseguem viver sob o mesmo teto.
Quatro casais em uma sala, matando a saudade do tempo que não se viam, começaram a beber e os ânimos foram se exaltando. De repente, alguém falou em amor e paixão. Outra pessoa, de desejo e tesão. Fez-se um silêncio assustador, mas passageiro, quando alguém falou em fidelidade e traição.
Todos tinham a sua opinião, todos tinham alguma coisa a esconder, todos se assustaram.
Alguém então, propôs que se marcasse uma nova festa/reunião desses mesmos oito amigos em um ano, com um objetivo: todos deveriam contar, nessa reunião, o que fizessem de bom e de ruim no campo relacionamento.
Todos saíram apreensivos, mas comprometidos com a nova reunião.
_ Nossa! Mas isso e loucura – Luciano riu. – Não dá pra contar tudo.
_ Sério, Luciano? – perguntou Marriete. – Você não quer o seu livro.
_ Claro, mas eu vou conversar bastante com o pai antes – ele riu.
_ E o que acontece nessa festa depois de um ano? – Quis saber Augspartem.
_ Isso, queridos – eu ri, – vocês vão ter que ler o meu livro para descobrir.
Meus amigos vampiros riram e Augspartem comprou um livro novo para cada um.
_ Precisamos sair – lembrou Douglas, faminto.
_ Sim – concordei. – Também estou com sede.
_ Então – exultou-se Luciano, – vamos a caça.
_ Sem táxi – lembrou Marriete, a vampira taxista de Juiz de Fora.
_ Sem táxi – concordei.
Despedi-me dos responsáveis pelo estande da Editora e saímos os cinco vampiros pela noite da Barra da Tijuca.

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

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