Eu estava andando pela Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro e, de repente, senti, no meio da população que se atropelava, um cheiro impar: Patchouli! Cheiro de vampiro.
Olhei em volta procurando um de nós e tive a grande satisfação de ver, a um canto, sorrindo pra mim, o Vampiro Douglas, a Vampira Marriete e o chefe de todos nós, Frederico Augspartem. Sorri de alegria e cheguei perto deles.
_ O que estão fazendo aqui? – perguntei.
_ Viemos prestigiar o seu lançamento, pai – explicou Douglas que como os outros vampiros insistiam em cuamar-me de pai.
_ Uai, que bom – fiquei muito feliz. – Já viram o livro novo?
_ Sim, mas estamos achando um absurdo – começou Augspartem. – Como você pode mudar tanto e publicar um livro romântico?
_ Pois é – eu sorri. – Variando um pouco.
_ Fernando está muito triste com vc – lembrou Marriete do vampiro do meu próximo livro. – Ele nem quis vir aqui.
_ Mas eu vou acabar de escrever a história dele – afirmei.
_ Desde que não demore o mesmo tempo que gastou para escrever a minha história – zombou Douglas.
_ E demorou mesmo para escrever. Hoje, O VAMPIRO DOUGLAS é o seu livro! – disse Luciano entrando na conversa.
_ Olha, você também veio, Luciano – eu o abracei e beijei seu rosto.
_ Claro, pai – respondeu ele. – Eu não iria perder o seu lançamento e esse lugar é tudo de bom.
_ Muita gente bonita, né, Luciano – brincou Douglas.
_ Muito homem bonito – explicou Luciano. – O resto eu nem vi.
Rimos todos.
Augspartem me deu o braço e começamos a seguir em direção ao Estande da Litteris Editora, minha atual Casa Literária.
_ Como está o Jaime? – perguntei.
_ Está muito bem. Ele prefere não sair da MANSÃO DO RIO VERMELHO – respondeu o mais antigo dos vampiros.
_ Há muito tempo não o vejo – lembrei eu.
_ Há quanto tempo você não vai a São Luiz, pai? – perguntou o vampiro milenar.
_ Muito tempo -:assenti. – Goretti também não vejo há muito tempo.
_ Goretti está muito bem – interferiu Douglas cada dia mais apaixonado pela jornalista.
_ Que bom – era só o que eu poderia dizer.
Caminhamos no meio de tanta gente, ninguém nos via ou impedia nosso caminho. Cinco vampiros, em pouco tempo chegamos ao Estande da Editora Litteris.
O local estava cheio como sempre. É uma Editora que mostra excelente qualidade nos trabalhos literários e tem hoje, grandes autores.
Entramos os cinco e não fomos notados. Nós, os vampiros, temos como utilizar esse dom e não sermos vistos.
_ A melhor capa é a minha – se exaltou Douglas.
_ Não concordo – interferiu Martiete. – Minha capa é a melhor: MARRIETE, SANGUE ETERNO.
_ Será que eu vou ter um livro também? – perguntou Luciano.
_ Claro, querido. Em breve.
_ Mas conta pra gente do que se trata esse seu novo livro sem vampiros – impôs Augspartem.
Como chefe de todos nós e como o vampiro que eu tanto respeito, não tive como não obedecer.
_ DESEJOS, ENTRE AMORES E CONFLITOS é uma história onde oito amigos, conhecidos há muito tempo se reúnem para uma festa. Claudinei é o culpado dessa confusão que vai virar a vida de todos de cabeça pra baixo.
Ele convidou amigos para essa reunião, inclusive a esposa que mora em outra casa há anos. Eles se amam, mas não conseguem viver sob o mesmo teto.
Quatro casais em uma sala, matando a saudade do tempo que não se viam, começaram a beber e os ânimos foram se exaltando. De repente, alguém falou em amor e paixão. Outra pessoa, de desejo e tesão. Fez-se um silêncio assustador, mas passageiro, quando alguém falou em fidelidade e traição.
Todos tinham a sua opinião, todos tinham alguma coisa a esconder, todos se assustaram.
Alguém então, propôs que se marcasse uma nova festa/reunião desses mesmos oito amigos em um ano, com um objetivo: todos deveriam contar, nessa reunião, o que fizessem de bom e de ruim no campo relacionamento.
Todos saíram apreensivos, mas comprometidos com a nova reunião.
_ Nossa! Mas isso e loucura – Luciano riu. – Não dá pra contar tudo.
_ Sério, Luciano? – perguntou Marriete. – Você não quer o seu livro.
_ Claro, mas eu vou conversar bastante com o pai antes – ele riu.
_ E o que acontece nessa festa depois de um ano? – Quis saber Augspartem.
_ Isso, queridos – eu ri, – vocês vão ter que ler o meu livro para descobrir.
Meus amigos vampiros riram e Augspartem comprou um livro novo para cada um.
_ Precisamos sair – lembrou Douglas, faminto.
_ Sim – concordei. – Também estou com sede.
_ Então – exultou-se Luciano, – vamos a caça.
_ Sem táxi – lembrou Marriete, a vampira taxista de Juiz de Fora.
_ Sem táxi – concordei.
Despedi-me dos responsáveis pelo estande da Editora e saímos os cinco vampiros pela noite da Barra da Tijuca.
VAMPIROS NA BIENAL 2025
