VITÓRIA – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

VITÓRIA

(à Fernanda Montenegro)

A xícara se quebrou
Quando, no susto,
Caiu ao chão:
O tiro entrou no quarto.
E ela chorou
Se desesperou,
Se lamentou.
Ontem, o mato entrava pela janela,
Hoje, não há mais mato,
Há morte! Tiro! Susto!
Ela se desesperou,
Mas foi à luta.
Observou,
Gravou,
Delatou,
Não foi acreditada,
Não foi ouvida
Mas continuou.
Achou enfim,
Um anjo que acreditou…
Ela foi força,
Ela foi grande…
E os grandes a quem pediu ajuda,
Eram do bando,
Eram do crime.
Ela foi acuada,
Foi descoberta,
Foi traída pela criança
A quem ela tanto queria ajudar,
Queria salvar…
E só percebeu
Que a situação estava muito mais feia,
Quando a xícara, que colou,
Deixou vazar o café – não teve conserto:
O mundo estava perdido,
Ela estava perdida.
O mundo está perdido!
Com seu trabalho,
Desfez parte do crime,
Ainda que tivesse que apagar
A própria vida,
O próprio passado,
O próprio nome!
Deixou de ser quem era,
Mas se tornou Vitória.
Ela é a própria Vitória!

            

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

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