(à Fernanda Montenegro)
A xícara se quebrou
Quando, no susto,
Caiu ao chão:
O tiro entrou no quarto.
E ela chorou
Se desesperou,
Se lamentou.
Ontem, o mato entrava pela janela,
Hoje, não há mais mato,
Há morte! Tiro! Susto!
Ela se desesperou,
Mas foi à luta.
Observou,
Gravou,
Delatou,
Não foi acreditada,
Não foi ouvida
Mas continuou.
Achou enfim,
Um anjo que acreditou…
Ela foi força,
Ela foi grande…
E os grandes a quem pediu ajuda,
Eram do bando,
Eram do crime.
Ela foi acuada,
Foi descoberta,
Foi traída pela criança
A quem ela tanto queria ajudar,
Queria salvar…
E só percebeu
Que a situação estava muito mais feia,
Quando a xícara, que colou,
Deixou vazar o café – não teve conserto:
O mundo estava perdido,
Ela estava perdida.
O mundo está perdido!
Com seu trabalho,
Desfez parte do crime,
Ainda que tivesse que apagar
A própria vida,
O próprio passado,
O próprio nome!
Deixou de ser quem era,
Mas se tornou Vitória.
Ela é a própria Vitória!
Maravilhoso, profundo e verdadeiro. Mulher forte, destemida.
Por mais Fernanda no mundo.
Muito bom, Artur! Maravilhosos; o filme, a poesia, a grande Fernanda! ❤️❤️❤️