DIÁRIO DO CONFINAMENTO – 14 – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

DIÁRIO DO CONFINAMENTO – 14

Diário do Confinamento – 14
Dia 20 de abril de 2020
34º dia

Mundo
Contaminados: 2468733, mortos: 169794
Brasil
Contaminados: 40581, mortos: 2575

Continuamos em confinamento e o país mais ou menos parado. Mais ou menos por quê? Porque a população começou a burlar essa regra e está nas ruas. Um grande problema é a indecisão entre correr o risco de pegar uma infecção que pode matar ou sobrecarregar o sistema de saúde do país. Falência de empresas ou de múltiplos órgãos? Levar à pobreza ou à morte?
Muito se discute e os dados confirmam que infeção está em progressão. O presidente afirma que setenta por cento da população será acometida pela doença. Quantos óbitos? Difícil calcular. Houve manifestação em Brasília e os manifestantes – provavelmente jovens que nunca estudaram história do Brasil e nem sofreram ou tiveram um familiar envolvido na grande avalanche de terror da ditadura nacional – pediam então, a volta da ditadura militar e, pior, o AI-5. A fase negra da repressão da ditadura militar sufocou muita gente, matou muita gente, foi um desastre. Saíram dessa época grandes artistas e grandes obras de arte, mas não precisamos sofrer novamente essa censura opressora da época. Morte e tortura fazem parte de uma reforma militar como foi feita na época e não há nada que justifique esse retorno ao terror. Quem não viveu, quem não estudou, quem não sabe nada e nem se importa de saber, deveria ficar quieto e não falar ou fazer besteiras. Os manifestantes, normalmente, fazem barulho e isso influencia pessoas que não têm uma diretriz, um objetivo de vida.
Muita gente falando besteira. Muita gente fazendo besteiras e o vírus solto se espalhando pela própria burrice e ignorância da população. O Brasil é o país da América do Sul com maior disseminação da pandemia segundo a CNN Brasil.
O brasileiro está nas ruas. Está indo às compras, está indo passear e se divertir. Estão todos furando o confinamento e indo às ruas buscar o contágio para trazer para os idosos e debilitados que, em casa, vão ter a doença.
Ficar em casa está ruim. Sim! Sugiro: Procurar o que fazer e tentar se proteger e proteger familiares é o mais importante. Procurar vivenciar a família. Descobrir o que a convivência com aquelas pessoas que moram na sua casa, pode oferecer. Façam coisas divertidas. Aprendam alguma coisa nova. Leiam livros, melhor, escrevam um livro. Pintem um quadro, ou a casa. Limpem a mente, ou a casa. Ajudem pessoas que não podem fazer alguma coisa como uma compra, por exemplo. Muitas coisas importantes podem ser feitas para ajudar aos outros e diminuir o tédio.
Fiz isso tudo. Pintei um quadro novo. Publiquei um livro novo. Estou lendo e estudando muito. Estou em tédio? Quase completo! Não sou uma pessoa que goste de inatividade e ficar vendo o tempo passar sem fazer nada. Talvez por isso não goste e não tenha hábito de ficar muito tempo vendo televisão. Preciso estar em produção e em atividade para me sentir bem! Mas o momento agora é ainda o confinamento.
Eu vou à rua? Sim! Vou às compras para casa, vou para o plantão na UTI duas vezes por semana e o que vejo? Muita gente nas ruas sem máscara, sem se cuidar, sem acreditar no mal que os espreita. Se sair de casa, saia de máscara!
Estamos vivendo uma pandemia. Estamos vivendo uma distopia real e sem uma perspectiva. Dia a dia de esperança e sofrimento. Quem tem um familiar com a doença, um amigo, um profissional de saúde de quem gostamos muito, está sofrendo uma angústia inigualável. Nós que estamos trabalhando com a saúde e, por isso, na linha de frente, estamos sofrendo uma ansiedade e um medo nunca antes visto. Tudo é incerto.
Que todos possam se curar, é o que esperamos, e não tenhamos um desfecho tão sombrio.
Que Deus esteja presente!

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

2 comentáriosDeixe um comentário

  • Realmente dura realidade. Nós que estamos tentando fazer a nossa parte ficamos ainda mais indignados com a inércia de algumas pessoas. Rezo todos os dias por vocês que estão na linha de frente. O confinamento para vocês é SÓ qdo pode ser no mais é servir. Deus os guarde!

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