DIÁRIO DO CONFINAMENTO – AGORA COM COVID – 3 – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

DIÁRIO DO CONFINAMENTO – AGORA COM COVID – 3

MUNDO:
Contaminados: 76.372.407; Mortos: 1.687.304
BRASIL
Contaminados: 7.213.155; Mortos: 186.356
MINAS GERAIS
Contaminados: 494.187; Mortos: 11.093
JUIZ DE FORA:
Contaminados: 12.314; Mortos: 437 – Suspeitos: 41.271

Eu estou com Covid-19 positivo. Estive em confinamento em casa e nem chegar na janela do frente para ver a rua. Um problema grande se não existisse a internet e eu não pudesse me comunicar com o mundo e nem trabalhar on-line.
Tive que parar de trabalhar, tanto nas aulas presenciais que voltaram como nos meus plantões de CTI.
Eu fui um dos muitos abençoados por Deus que tive a doença de forma leve. Somente tive for no corpo – e foi muita dor no corpo todo – e cansaço físico. Eu odeio me sentir cansado. Eu sou hiperativo e cansaço costuma me causar depressão. Não tive febre, não perdi o paladar ou o olfato. Uma coisa interessante é que meu olfato não é dos melhores. Qualquer gripezinha, rinite ou sinusite e eu não sinto cheiro de nada. Dessa vez, a doença atacou outros setores e me deixou respirando, cheirando e tendo o prazer imenso de sentir gosto das coisas que como.
Aí, eu disse que não perdi o paladar e nem o olfato. Mas e a dúvida?
14 dias comendo o dobro: de repente a gente pensa “será que perdi o paladar?”. Sai de onde se está e come-se um chocolate. Meia hora depois um biscoito, um pedaço de bolo, uma coxa de frango. Almoça-se e à tarde, temos que pôr à prova o paladar até a hora da próxima refeição. Muito difícil!
É quase Natal. Não sei porque Natal e Ano Novo viraram motivos para comer demais. Por que não fazer rabanada em março? Um pudim de nozes em maio? Um peru assado em julho? Por que não confraternizar em agosto?
Dezembro é o mês da comilança. É o mês de jogar a dieta no lixo e beber mais vinho, beber mais, comer mais, se encontrar mais.
Esse ano, no entanto, tem que ser diferente. Não podemos juntar todas as pessoas da família. Fazer aquele bacanal gastronômico. Juntar os tios do Norte ao sul do país. As avós que querem tanto juntar sua imensa família, odeiam essa “juntação” de parentes, esse trabalho excessivo e falam mal de todos que compareceram. Os parentes – obrigados a participar desses encontros, na maioria das vezes cheios de falsidade e desagradáveis – saem das reuniões familiares loucos para respirar e torcem para que no ano que virá, tenham outro compromisso.
Eu estou com Covid em um ano ímpar. Quanta tristeza e solidão nesse ano maluco. Quanto tempo ficamos sem trabalho e sem contato com nossos queridos. Um ano! Tivemos um aviso no Brasil que a barragem explodiu na China em dezembro de 2019 e estamos comendo a merda da lama que se difundiu no mundo.
Os países estão se vacinando. O Brasil se vacinará? Quando? Quando a população deixará de ser cega, surda e muda e resolverá um problema que o governo federal não está resolvendo?
Estou sentindo cheiro. Estou sentindo gosto das coisas. Estou mal. Estou triste. Estou bastante infeliz que as pessoas não estejam acreditando na pandemia e estão nas ruas, estão fazendo aglomerações de compras e preparando encontros físicos de Natal. Que merda!
Angela Merkel, fantástica mulher, voz da Europa, disse hoje em discurso: “Como fazem os soldados que estão em campo de guerra nas festividades? Fazem vídeos-chamadas para suas famílias. O que estão fazendo? Estão servindo à Pátria. Peço a todos que sirvam à Pátria, permanecendo em suas casas e façam reuniões virtuais, esse ano.”
E ela está lá, vestida com seu cardigã sem brilho, sem exageros, mas é a força da mulher no mundo!
Aí, eu continuo preocupado: cheiro ou paladar? Dor no corpo por não fazer nada, ou por estar me desintegrando pelo vírus? Como mais para ter forças, ou como menos para não engordar?
Não sei bem o que fazer. A época do ano é terrível. Tudo se fecha e nem a faculdade está aberta para fugir pra lá. Esse ano, pior, estou com Corona vírus, preso em casa.
Viva 2021! Muita esperança e muitas crenças de que tudo será melhor.
Deus está de olho, esperando que nós façamos a nossa obrigação.
Fiquem em casa! Usem máscaras! Álcool gel! Que tenhamos um ano novo feliz.

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

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