FAREMOS FALTA? – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

FAREMOS FALTA?

Eu fui ao Cemitério dias atrás para o velório de um vizinho querido de 99 anos. Ele morreu lúcido, de bom humor e com grave doença.
Deixou quatro filhos. Com a idade que faleceu, deixou filhos crescidos, bem crescidos. No velório, como em todos, os parentes chegados, nesse caso, os filhos estavam sofrendo a perda.
Pensando mais uma vez na morte, vejo que o fato de um parente querido morrer, não é o pior momento. Todos nós vamos morrer. Como eu digo sempre “Vamos todos morrer, graças a Deus”. O pior não é morrer!
Depois do velório, depois de chorar pela perda, abraçar amigos e conhecidos, vem o pior momento.
Esse momento pode durar para sempre: luto!
Eu perdi mãe, pai, irmã e vários outros parentes e amigos e sei o que estou falando.
O pior momento começa quando você volta do cemitério, ou do crematório, ou de onde for e não tem mais aquela pessoa na sua vida. No início, a sensação é que nosso querido ou querida, está viajando e vai voltar.
Não vai!
Não vai voltar e isso vai ser visto e sentido o tempo todo.
Vai começar naquele momento em que você vai esvaziar o guarda-roupa, o armário, a dispensa, a casa ou o apartamento. Se você mora junto, vai descartar o que não serve mais…
Normalmente, aquilo tudo que gostamos muito e que nos é importante, não será nada para quem vem depois. Objetos pessoais que guardamos com grande carinho não fará diferença para ninguém. Não estou falando de herança! Herança é outra situação para quem ficou vivo resolver.
O grande problema ao voltar para casa é a ausência. Essa ausência, independente de bens materiais, vai ser para sempre. Você sempre vai se lembrar de uma frase, de uma comida, de uma situação e vai sentir saudade. Vai sentir falta e vai precisar dessa pessoa para um abraço, alguma palavra de incentivo, precisar da presença.
Como eu disse, todos nós morreremos, isso não tem como ser diferente. Nós também, quando morrermos, faremos falta.
O objetivo de nossa vida é viver….
Faremos mesmo falta?

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

3 comentáriosDeixe um comentário

  • Perfeito, Artur!
    O pior momentos é quando você se lembra de algo que quer contar para a pessoa querida que se foi e não pode porque ela não está mais lá.

  • sempre faremos falta pra alguém, por mais defeitos que tenhamos. tem sempre uma pessoa que que enxerga qualidades que todas as pessoas tem.

  • Meus avós se foram a mais de 30 anos, até hoje sinto saudade, lembranças sempre chegam. Mas não ouviremos mais o som da voz, não teremos aquele abraço. A dor da ausência. Sim, faremos falta para quem nos ama.

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