Meus dedos não me falam nada,
Mas tecem uma prece muda
Pr’eu não calar a boca…
Minha voz, presa no cárcere da garganta,
Sob as grades de meus dentes,
Desponta como a nascente
E caminha pra longe
Pra quem quiser banhar-se
Nas águas de minhas palavras…
Sou a nascente do rio que ouves,
Sou a fonte do som que perturba,
Sou tudo o que tu não esperas
E sou o turbilhão que te esmaga.
Carrego em mim
A loucura dos meus antigos
me lembrando sempre a dor
Do que possa vir com o sol
Que despontará amanhã!
Antologia poética, Premio CNNP 2017:61.