Eu entrei sozinho no elevador do prédio do meu consultório, me vi refletido em todos os espelhos, e senti que, se ele parasse naquele momento, não faria diferença!
Estou sentindo que minha vida está desse jeito: estou preso em uma caixa quadrada, rodeado de espelhos, onde só caibo eu! Esses espelhos refletem a minha vida. Cada lado é uma ou várias facetas daquilo que eu construí para chegar onde estou. Na realidade, não sei em qual andar estou e nem quantos tenho para cima: meu futuro. Tenho que ficar na caixa de espelho que se move constantemente para cima, devagar conforme permito que meus dias passem. Percebo, no entanto, que as paredes cheias de minhas imagens – o reflexo no reflexo me faz ser infinito – caminham em minha direção na mesma velocidade do bólido. Em breve, serei apertado, talvez esmagado por essas paredes. Tenho duas escolhas: um buraco no chão e volto para meu passado ou abro a cabine na parte superior e encaro o meu futuro. Não se pode mudar o passado. Eu não poderia voltar e refazer algumas etapas. Posso cortar as correntes que seguram a caixa espelhada e deixar que essa prisão arrebente no fosso da minha origem. Preso às correntes, eu estarei livre para chegar ao topo que ao mesmo tempo é o ponto final. Quero chegar rápido ao fim? Quero continuar na mesma caixa espelhada? Quero voltar para a porta de entrada e pegar outro elevador?
As paredes continuam chegando mais perto e em breve eu serei sufocado.
Um barulho e uma voz anunciam que eu preciso parar mais uma vez. É apenas uma pausa na minha trajetória: o consultório! Qualquer dia a porta se abrirá em outro andar, no ponto final. Eu estarei preparado!
Tendo; sufocante. Reflexo tb do momento que estamos vivendo. Descrição perfeita.
Obrigado, Cecy.
Como sempre,muito concernente o diário do confinamento.Tenho a honra de ser amiga,colega de profissão e fã de Artur de longa data!Bençãos divinas sobre ele e sua família!
Muito obrigado. Continue seguindo o Blog.