Eu queria poder agora escrever muito. Eu queria poder agora sentar n’algum lugar ensolarado, esquentar-me do frio que me dilacera e… sei lá o que!
Não que me sinta deprimido, não que me sinta distante, não que me sinta mais só. Sei apenas que ando como devo saber, vivo como devo cantar e penso como não devia sonhar…
A fumaça traz-me recordações e lembranças, traz-me de volta dias quentes, dias frios, dias, enfim, cheios de graça e beleza que não sei mais se retornarão.
Nada nos acompanha eternamente, nada nos serve constantemente. A mim, eu prefiro sempre mudar, sou inconstante, sei e gosto de sê-lo, gosto de a todo momento mudar, de sempre penetrar em algo diferente e de me cansar do que faço.
Agora também não estou cansado de nada que me cerca, que faço ou quero. O que me cerca, agradeço a momentos de toda espécie, o que eu faço, faço-o com raça, talvez com gosto, o eu quero, bem deixa pra lá…
O que quero, talvez, nem eu mesmo saiba, talvez nem mesmo exista, mas sinto que quero e posso querer algo diferente para encher um pouco mais a minha vida já tão tumultuada.
Maloca querida, 1998:47-8.
Republicou isso em O LADO ESCURO DA LUA.