UMA ENTREVISTA COM FREDERICH AUGSPARTEM – O VAMPIRO – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

UMA ENTREVISTA COM FREDERICH AUGSPARTEM – O VAMPIRO

Consegui depois de muito pensar nele que ele aparecesse para um papo descontraído. Frederich Augspartem não atende minhas chamadas de celular. Ele não queria conversar sobre o meu livro novo “A MANSÃO DO RIO VERMELHO II – UM VAMPIRO NOS TRÓPICOS”, pois acha que vamos dar alguns spoilers da história. Não é verdade! Ele, o protagonista do livro, assim como eu, o autor, estamos super ansiosos para saber o que o leitor vai achar desse novo trabalho.

_ Frederico, por que você não está atendendo minhas chamadas no celular?

_ Porque eu estava muito ocupado para bater papo furado com você – ele riu e deixou-me ver seus dentes lindos.

Estávamos em uma casa vazia na saída de Juiz de Fora para Leopoldina. Ele me fez ir até lá dizendo que era o meio do caminho entre São Luiz e Juiz de Fora. Eu não convidei para que ele entrasse na minha casa por motivos óbvios, mas ainda assim estava receoso do que poderia acontecer.

_ Você tem medo de mim? – perguntou-me ele exalando patchouli pela casa toda.

Confesso que o cheiro é muito bom e vindo dele então fica perfeito. Ele me olhava dentro do fundo do meu coração.

_ Não, claro que não! – respondi embora ele soubesse bem o que eu estava pensando na hora.

Eu não tenho medo do Augspartem, mas ele é muito misterioso e eu tenho um respeito muito grande por ele. Ele é um vampiro muito antigo, muito poderoso e eu realmente não consigo conhecê-lo muito bem, apesar de tê-lo criado. Precisaria de anos de convivência diária para conhecer bem esse ser.

_ Tudo bem – respondeu ele novamente sorrindo. – Você quer saber o quê?

_ Como você está se sentindo agora que mais uma parte de sua vida sairá para muitas pessoas conhecerem?

_ Eu estou bem – ele se levantou da cadeira em que estava e se dirigiu a um canto da sala onde se serviu de vodca. Trouxe também para mim um copo com a bebida. – Eu acho que vai ser muito bom para mim, vou ver um bando de humanos se deliciando nas aventuras do vampiro nos trópicos.

_ Por que “Um vampiro nos trópicos”?

_ Porque é a parte da minha vida que eu vivo em Salvador na Bahia.

_ Eu adoro Salvador – disse eu.

_ Por isso fui pra lá. Estou lá há anos. Cesar foi trabalhar lá e me descobriu.

_ E você continua morando lá?

_ Sim! Tenho uma casa muito boa lá. Não é nenhuma Mansão do Rio Vermelho – ele riu mostrando as presas novamente. – Agora a mansão não me pertence mais.

_ Sim, Jaime é o dono dela agora. Você a deu para ele.

_ Pois é, eu gosto muito daquele maluco e por isso dei-lhe a minha casa.

_ Por que maluco?

_ Primeiro ele é psicólogo. Depois andou mexendo com umas coisas que não deveria… Quando as pessoas lerem o livro vão entender.

_ Mas, se a casa agora é dele, você não pode entrar sem que ele lhe convide?

_ Não! Não posso mais entrar…

_ Você pretende voltar a São Luiz?

_ Sim, claro. Eu prometi ao Douglas que voltaremos lá.

_ Douglas – eu conheci o vampiro Douglas e estou inclusive escrevendo a sua história. – Eu gosto do Douglas.

_ Douglas é um cara mais acessível que eu, não é? – perguntou-me ele rindo novamente.

Eu não me encontrava com Augspartem há mais de dois ou três anos e ele, como vampiro, não mudava nada na sua aparência. Continuava um homem lindo de porte atlético, pele muito branca e cabelos longos e negros. Apesar da idade milenar, ele aparentava ter vinte e poucos anos. Estava vestido todo de preto com uma elegância que sempre fora sua característica principal.

_ Acho que sim – respondi. – Tenho tido mais contato com ele agora que estou escrevendo a história dele. Outro dia aconteceu um fato diferente que eu fui atacado pelo vampiro Leonardo e ele me salvou.

_ Eu sei! Eu sei de tudo que acontece com você e com o Douglas.

_ Eu levei um grande susto. Mas falemos de você. E o seu livro novo chegando agora na livraria. Você vai ao lançamento, Frederico?

_ Não – seus olhos ficaram vermelhos e iluminaram a sala. – Posso até ir, mas não serei visto por quase ninguém.

_ Ah, é?

_ Sim. Você é o protagonista do momento do lançamento. Depois é a minha vez já que as pessoas levarão para suas casas a mim e não você – ele riu alto e mais perfume e mais luz vermelha inundaram a sala.

_ É – disse eu intimidado virando meu copo de vodca.

_ Mas eu vou ajudar você a ficar mais parecido comigo – ele riu e me pareceu que suas presas estavam maiores.

Eu me senti arrepiar dos pés à cabeça.

_ Não se preocupe, não tenha medo – ele se levantou. – Combinamos Douglas[1], Leonardo[2], Marriette[3], Miriam[4] e vários outros vampiros meus amigos, que não vamos transformar você em um ser como nós, ainda.

_ Ainda?

_ Claro! Ainda! Qual você acha que será o seu futuro? – ele riu mais alto e mais perfume e mais luz vermelha tomaram conta do lugar.

Eu estava extasiado pela presença do meu maior vampiro – que Douglas e os outros não ouçam isso! Ele é um ser forte, poderoso, inatingível pela própria idade e poderes acumulados durante todos esses anos.

_ Beba isso! – ele me entregou um cálice com sangue dentro dele.

_ Isso é sangue? – perguntei.

_ Sim! Isso é o meu sangue que vai te dar alguns poderes poucos. Você poderá estar de olhos vermelhos na hora do lançamento. Pode beber. Isso não vai te transformar ou te matar.

Eu bebi tudo. Era muito bom. Um gosto ferruginoso, mas o sangue de Augspartem era muito saboroso. Acho que nunca bebi um sangue igual ao dele. No mesmo momento, no entanto, eu senti uma dor no estômago. Alguma coisa viva dentro de mim mudava um pouco as minhas células. Ao mesmo tempo em que eu estava com dor eu estava mais forte. Meu coração estava batendo acelerado e eu respirava com dificuldade. Abri os olhos e vi tudo vermelho. Ele estava na minha frente sorrindo e me observando.

_ Você fica muito bonito de olhos vermelhos – ele riu alto e eu desmaiei.

Acordei na minha cama. Estava com meu pijama e coberto com uma colcha azul clara. Estava sozinho em casa. Lembrei-me de toda a nossa conversa e me sentia muito bem. Estava bem mais forte que na véspera e bem mais ágil. Levantei-me correndo e fui ao espelho do banheiro. Meus olhos não estavam vermelhos. Será que ficarão na hora do lançamento? Será que ele irá?

Ansioso pelo lançamento do livro “A MANSÃO DO RIO VERMELHO II – UM VAMPIRO NOS TRÓPICOS” dia 21 de junho de 2018 na Livraria Saraiva do Shopping Independência.

Espero vocês!

[1] O vampiro Douglas, livro em fase de elaboração.

[2] O vampiro Leonardo –relato que consta no Blog.

[3] O Taxi  – Vampiro um livro colaborativo – Editora Empíreo – 2017.

[4] Vampira do livro “O vampiro Douglas”.

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

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