A melhor forma de viajar é, sem dúvida, chegar ao Galeão e pegar um avião. Pode ser para qualquer lugar!
Sempre pensava nisso quando tinha que voltar de Conselheiro Lafaiete, onde nasci e moram muitos parentes ainda, fazendo baldeção em Barbacena nos ônibus da ÚTIL e TRANSUR.
Foi assim que aprendi a viajar no banco próximo à janela do ônibus. Não para ver a paisagem que, depois de tantos anos, é a mesma e muda muito pouco. Aliás, na época Walkman, depois Discman com fones no ouvido, óculos escuros, eu nunca prestei atenção no caminho, isso quando não dormia a viagem toda. O problema todo era que a cada cem metros o ônibus parava e desciam dez, subiam sete, desciam oito e subiam doze. Isso acontecia, deve acontecer ainda hoje, porque, eu acredito, nos domingos – dia de minha volta -, todos querem andar de ônibus. Para não ser incomodado: janela!
Era interessante notar a população que entrava e saía do ônibus: todos arrumadinhos, roupa de missa, cabelos emplastrados e penteados. E o sorriso das crianças? Todos com carinhas pintadas de branco, brilho nos olhos e a sensação mais maravilhosa do mundo: vamos viajar! Nem que fossem por dez, quinze minutos.
Uma vez, entrou uma senhora de cabelos brancos e mais dez pessoas, filhos, noras, netos… Mal o ônibus começou a andar e ela, abrindo a bolsa, começou a distribuir sanduíches de mortadela e café, O cheiro da mortadela e do café frio – café frio tem cheiro de café frio –, misturados à minha música erudita me fez abrir os olhos e observar o pique-nique da família feliz. Meus óculos escuros impediram que a velha ao me lado, me visse acordado e me oferecesse o banquete.
Comeram como a um manjar e, terminada a refeição, deram o sinal de parada e desceram todos. Não soube até hoje se entraram no ônibus somente para comer.
Voltei minha atenção para a música e tentei dormir mais um pouco. A irritabilidade começava a se fazer presente e eu sempre pensava no carro que nunca quisera ter.
BELA PASSAGEM , RECORDAR É VIVER !!
hehehe