Outra vez, também durante uma volta minha de Conselheiro Lafaiete para Juiz de Fora, o fato foi muito interessante.
Entrei no ônibus na rodoviária e a cidade inteira estava “pegando fogo” com o CARNALAFÁ – carnaval temporão – se bem me lembro, em agosto.
Claro que, como sempre, me sentei à janela e, som ligado, fones de ouvido, óculos escuros, tentava suportar as próximas quatro horas de viagem com a “feliz” baldeação em Barbacena.
À minha frente, sentaram-se duas das quatro mocinhas de dezessete anos mais ou menos, que entraram no ônibus depois de mim. Riam muito e demonstravam que estavam bêbadas, Isso às quatorze horas de um domingo ensolarado.
O ônibus saiu da rodoviária e não andou dez minutos, ainda no centro da cidade, a menina loura, a mais nova do grupo, começou a vomitar. O cheiro de comida azeda e álcool invadiu o ônibus. A amiga deu uma toalha para que nela a outra vomitasse.
Quando o ônibus pegou a última avenida em direção à BR 040, a loura vomitada, mas refeita, resolveu sacudir a toalha na janela e, para espanto de todos, começou a gritar:
– Para o ônibus, para o ônibus!
O auxiliar de viagem veio até elas e a outra do lado explicou:
– Ela vomitou na toalha e sacudiu na janela. A dentadura dela caiu no asfalto.
Contive o riso, mas o ônibus parou e as quatro bêbadas saíram a procura da prótese dentária da garota.
Assustei-me ao ver aquela garota de dentaduras, mas são coisas reais de uma população menos favorecida.
É claro que elas não encontraram a dentadura e muito menos voltaram para o ônibus que teve de parar na garagem para lavar o estrago da bêbada.
Apesar do medo de não conseguir pegar o outro ônibus, consegui completar minha viagem, não sem pena da pobre garota que tão jovem já não tinha nenhum dente.