DIÁRIO DO CONFINAMENTO – 28 – Pão de Canela e Prosa
Pão de Canela e Prosa

DIÁRIO DO CONFINAMENTO – 28

DIÁRIO DO CONFINAMENTO – 28
Dia 27 de junho de 2020
D 111

Mundo:
Confirmados: 9.891.727; Recuperados: 5.004.567, Mortes: 496.075;
Brasil:
Confirmados: 1.313.667; Casos recuperados: 715.905; Mortes: 57.070;
Minas Gerais:
Confirmados: 38.891; Mortes: 833;
Juiz de Fora:
Confirmados: 1.559; mortes: 54.

O corpo dói!
Há dias sem atividade física, a musculatura reclama. O que fazer? Ir caminhar nas ruas da cidade? Elas estão cheias de pessoas que não deveriam estar ali e, na maioria dos casos, sem máscaras. Estamos em uma fase difícil da pandemia onde a curva de que tanto falam, pode se elevar a qualquer momento. Estamos sendo informados toda hora, mas a maioria não acredita. O que vemos nas ruas? Idosos caminhando sem máscaras ou com máscaras no queixo e pessoas que se sentem imunes – revoltados sem causa – completamente se expondo ao vírus. Ontem, em frente à Caixa Econômica, duas jovens conversavam, uma estava sem máscara e a outra segurava a sua pelas alças como se fosse uma bolsinha. E elas estavam em um bate-papo que iria durar algum tempo se expondo uma à outra e ambas ao mundo. Entrei na farmácia e o vigia veio me pedir – quase pelo amor a Deus – se poderia medir minha temperatura e assustou-se com meus trinta e cinco graus Celsius. Eu voltei correndo para casa e ainda tinha que ir ao hospital, decidi ir de carro: engarrafamento! Não dá para ficar tranquilo em uma cidade com poucos casos ainda, que se expõe tanto.
O prefeito resolveu fechar o Calçadão da Rua Halfeld. Excelente medida já que lá é o principal ponto de concentração de todos os níveis sociais e culturais dessa cidade. Diminuindo o fluxo, ajuda e muito a contenção do fluxo da doença.
Essa semana, um amigo, urologista e médico da linha de frente do Covid 19 teve alta do CTI onde passou dez dias e quase morreu. Meu amigo médico, formou-se comigo e é um guerreiro no combate da pandemia. Outro amigo, enfermeiro em Divinópolis, está em quarentena sofrendo a prisão domiciliar e o medo de a qualquer momento entrar em falência respiratória aguda – sozinho em casa.
Meu amigo de Roraima jura que teve a doença há dois meses e teve agora uma forma mais grave. E aí a dúvida atual: – Quem já teve a doença está imunizado ou não? Por quanto tempo? A imunidade ê duradoura ou é de curta duração? Se for de curta duração, estamos todos correndo um risco milhares de vezes maior de perecer. Sim! Extermínio da humanidade! Ninguém está pensando nisso! Como o povo também não tem memória, basta lembrar que a Gripe Espanhola – 1919 a 1923 – durou três anos. Será que o Covid19 vai ser contido em meses? Estamos ainda sem uma definição científica!
A política brasileira está em completo reboliço e temos um novo Ministro da Educação. Isso é bom já que não temos ministro da saúde. O “ministrão” chegou todo prosa e sorridente – é negro, nessa fase de tanto preconceito e confusão – e já correram atrás de desmitificar o seu currículo exemplar. Quem teria um currículo irrepreensível entre esses políticos que nos dirigem? Quem até agora é “perfeito” – sabendo que perfeição não existe – para assumir a governança desse país? O presidente está fazendo linha de bom moço? Ou mandar alguém sofrer uma “Ave Maria” – sendo evangélico -, é uma mudança seria?
Daqui a três dias, encerra o prazo para declaração de imposto de renda. Estão muitos – como eu – correndo atrás de documentos para declarar quanto se ganha e grande parte do que você trabalha e recebe, vai para a Receita. Não dá pra discutir isso aqui.
O que estamos fazendo em casa nessa quarentena? Não sei! Eu estou trabalhando muito. Estou fazendo muita coisa, escrevendo, estudando, pintando, fazendo lives e me divertindo. Mas ao mesmo tempo, estou com muito medo da pandemia. Estou com muito medo do que possa vir. E estou com muita saudade de abraçar e beijar meus amigos e todas as pessoas que eu amo. Quero viajar, quero encontrar pessoas, quero voltar a viver feliz. Espero que a pandemia passe.
Há quem espera poder votar ao antigo normal semana que vem e há quem preveja que teremos um novo normal em 2021. Não faço previsões. Não quis ainda abrir o tarô para ver alguma possível previsão do que possa acontecer. Rezas, feitiços e mandigas é tudo que se pode ainda usar para que Deus nos dê forças para continuar lutando pela nossa sobrevivência. Será?

            

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

4 comentáriosDeixe um comentário

  • Seu registro fala por nós, conscientes da situação, preocupados, angustiados e com medo. Acontecem essas cenas relatadas, bem assim mesmo… Queremos também abraçar nossos amigos, beijar nossa família … mas quando este pesadelo vai ter fim? Seus registros autênticos servirão para que todos saibam o que representou, representa e representará mais está passagem triste que a humanidade enfrenta, com todas as ruas mazelas….

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