E ela cantava. Ela cantava arrumando a cssa. Cantava passando roupas. Cantava cozinhando
Eta seu maior prazer cantar seguindo a música no rádio. Ela adorava pedir música no rádio. Ligava para o locutor do programa popular pela manhã e pedia sempre a mesma música: “Cavalgada” do Roberto Carlos. E se sentia já amiga do locutor, dono daquela voz que a levava a imaginar que o homem que mandava um abraço pra ela, era um moreno alto, forte, de grandes mãos – ela adorava mãos -, com olhos penetrantes que a despiriam se a vissem.
A música começava e era a namorada do Rei. Ns “estrada colorida” ela estava de mãos dadas com o seu príncipe encantado. Sorria e sentia um arrepio de desejo e falta quando ele falava em “açoite” e ela sentia o calor que começava entre as coxas e subia pelo corpo todo.
Acabava a música e ela continuava com seus afazeres do dia, cantando. Cantava o dia todo. Cantava chovesse ou fizesse sol. Cantava estivesse triste ou menos triste – ela nunca estava alegre, feliz não sabia o que era ser feliz. Mas tirando toda a solidão, a falta de esperança” a vida sem objetivo, ela não sobreviveria sem música. Ela não conseguiria viver um dia que fosse sem cantar. E ela cantaria todos os dias por toda a sua vida até não conseguir mais ou até deixar de viver nesse e ir cantar noutro mundo.
Enquanto isso, ela cantava!