No alto da colina,
Um vulto azul se descortina:
– É o céu que desaparece
Nas sombras de uma noite próxima.
O sol morreu há muito de cima
Dos mais altos morros, escurece…
Eu encontro no mar
Um sonho perdido a voar
Por entre peixes multicores…
A lua reflete-se nas águas,
Meu rosto talvez, transpire mágoas
De dias passados, meus amores…
Tenho sonhos, talvez…
Que me falhe a última vez!
Tenho sonhos, tenho-os tantos
E conservo meus tristes enleios,
Quero tê-los, vejo que não sei-os,
Mas amo: – tantos existem. Quantos?
Sei que a lua que não me olha,
E que a árvore que se desfolha
Passam o seu tempo na sua vida…
E os meus galhos crescem, apodrecem,
Não há mais luz nos olhos, fenecem
Corpo e alma recordando mi’a ferida.
A dor no peito, a loucura
Tudo faz-me tornar impura
A vida que desejei não ter…
Fito-me no balanço do vento,
Sinto-me frio, exposto ao relento,
Querendo, lutando por viver.