PONTO DE ÔNIBUS – Pão de Canela e Prosa
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PONTO DE ÔNIBUS

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Às vezes eu fico olhando os pontos de ônibus em horários de pico e pensando: como é bom voltar para casa depois de um dia de trabalho exaustivo. Você passa horas a fio no trabalho para tirar o sustento da família e está na hora de voltar para o lar. De manhã foi um sacrifício igual. Acordou cedo, com vontade e necessidade de dormir pelo menos mais duas horas, mas o relógio e o cartão de ponto são implacáveis. A correria a seguir entre o banho e o café, ou o café e a merendeira das crianças, ou o banho e o uniforme passado, ou as crianças e você.

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Enfim, entrou no ônibus e vai para o trabalho. Hora e meia de viagem chacoalhando dentro do veículo nada confortável e enfim chegou. Dependendo do que se tem que fazer o dia passa depressa, dependendo do que não se tem que fazer o dia não passa. Mas junto com as horas de trabalho, vem a fome, a vontade de voltar pra casa, a vontade de não estar ali, a vontade de matar o chefe. No final do dia, a vontade de ir embora está presa na garganta e o cansaço é tanto que deixa de ser um objetivo ir pra casa já que tem que retornar no dia seguinte cedo.

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Tudo bem, hora de ir para o ponto de ônibus e entrar novamente naquele monstro que vai engolir você no centro da cidade e leva-lo para casa. O problema maior agora é: todo mundo está saindo de seus empregos e indo para suas casas. Você vai pegar o ônibus no ponto lotado e, se der sorte, poderá se assentar e até cochilar um pouco, na maioria das vezes não vai dar sorte e vai se segurando até bem próximo do seu ponto onde nem vale a pena mais se sentar.

O ponto de ônibus está cheio na hora de voltar para casa, um empurra-empurra frenético e uma ansiedade terrível. Pior ainda nos dias de chuva. E nos dias de muito frio? Os dias de muito frio com chuva são ainda piores? Mas ainda bem que tem o ônibus! Acabou de chegar. Corre!

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Artur Laizo Escritor

Artur Laizo nasceu em 1960, em Conselheiro Lafaiete – MG, vive em Juiz de Fora há quatro décadas, onde também é médico cirurgião e professor. É membro da Academia Juiz-forana de Letras e da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, Sociedade Brasileira de Poetas Aldravistas e presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora - LEIAJF.

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