Às vezes eu fico olhando os pontos de ônibus em horários de pico e pensando: como é bom voltar para casa depois de um dia de trabalho exaustivo. Você passa horas a fio no trabalho para tirar o sustento da família e está na hora de voltar para o lar. De manhã foi um sacrifício igual. Acordou cedo, com vontade e necessidade de dormir pelo menos mais duas horas, mas o relógio e o cartão de ponto são implacáveis. A correria a seguir entre o banho e o café, ou o café e a merendeira das crianças, ou o banho e o uniforme passado, ou as crianças e você.
Enfim, entrou no ônibus e vai para o trabalho. Hora e meia de viagem chacoalhando dentro do veículo nada confortável e enfim chegou. Dependendo do que se tem que fazer o dia passa depressa, dependendo do que não se tem que fazer o dia não passa. Mas junto com as horas de trabalho, vem a fome, a vontade de voltar pra casa, a vontade de não estar ali, a vontade de matar o chefe. No final do dia, a vontade de ir embora está presa na garganta e o cansaço é tanto que deixa de ser um objetivo ir pra casa já que tem que retornar no dia seguinte cedo.
Tudo bem, hora de ir para o ponto de ônibus e entrar novamente naquele monstro que vai engolir você no centro da cidade e leva-lo para casa. O problema maior agora é: todo mundo está saindo de seus empregos e indo para suas casas. Você vai pegar o ônibus no ponto lotado e, se der sorte, poderá se assentar e até cochilar um pouco, na maioria das vezes não vai dar sorte e vai se segurando até bem próximo do seu ponto onde nem vale a pena mais se sentar.
O ponto de ônibus está cheio na hora de voltar para casa, um empurra-empurra frenético e uma ansiedade terrível. Pior ainda nos dias de chuva. E nos dias de muito frio? Os dias de muito frio com chuva são ainda piores? Mas ainda bem que tem o ônibus! Acabou de chegar. Corre!
Gostei muito do texto. Eu já fiz várias vezes esse exercício de pensar. Ainda me perguntava: será q são felizes ou tristes?
Obrigada pelo texto.
Felizes ou tristes? Não sei! Que bom que gostou.
VIDA DE GADO ….