Pensando em música! Que coisa! Assistindo a um show do Gilberto Gil e Caetano Veloso, vendo o que eles fazem com o violão e a voz, eu comecei a me lembrar da minha trajetória com música. Terrível!
Quando eu era criança, lá em Lafaiete, eu tinha uma mãe hiperativa e cheia de ideias do que deveria ser o mundo no seu limitadíssimo mundo. Ela era uma mulher fantástica que queria que eu fosse o que ela nunca pôde ser. Ela queria que eu fosse um gênio, queria que eu fosse o melhor da família toda, queria, queria, queria…
Coitada!
Minha mãe queria que eu tocasse violão. Faltava dinheiro para qualquer coisa nessa época. Eu já tinha o melhor estudo que poderiam me dar – em escola pública, claro -, como acrescentar os desejos malucos do pré-adolescente da época?
Assim, fui estudar violão com um músico que fazia parte de um conjunto famoso em Lafaiete – com o qual eu dancei muito – e que cobrava baratinho.
“Ob-La-Di, Ob-La-Da” dos Beatles era uma das músicas que o professor queria que eu tocasse e realmente foi impossível! O violão era, inclusive, maior que eu.
Não deu certo e minha mãe me convenceu a ter aulas com seu irmão, meu tio Altier, o “titité”.
Ele era fã do Agnaldo Timóteo e cantava muitas músicas italianas como Jerry Adriani. Tinha um vozeirão.
Ele era e sempre será meu ídolo. Morreu em 2020, mas continua sendo o meu tio favorito.
O tempo passa e eis-me em Juiz de Fora cursando medicina e “louco” para extrapolar minha arte. Queria cantar! Tocar! Sei lá o que mais poderia.
Procurei o “Coral universitário” e, após um teste mínimo de vocalize, o maestro me disse que eu era “um caso psicológico para música” e ele me recomendou “nunca mais cantar”.
Recolhi-me na minha insignificância musical e muito tempo depois resolvi aprender cantar. Achei uma professora muito divertida e louca e, junto à minha loucura, cantamos, gritamos e, não deu certo, até porque ela teve que voltar para sua terra.
Encontrei, então, um professor que entendeu o que eu precisava. Passei com ele mais de três meses ouvindo. Já estava começando a ficar puto com a história até o dia em que cheguei em casa, emiti um som e disse: “Isso é MI”. Corri ao teclado e era realmente um MI. Descobri, nesse dia, que o Pedro Kuri estava me ensinando a ouvir.
Desde então, vivo cantando ou tentando cantar. Tem hora que dá certo!
Parei de ter aulas com o Pedro, porque eu estava na loucura de fazer mestrado, emendei no doutorado na UFMG, em Belo Horizonte. Estudar, estudar, escrever ao mesmo tempo dissertação e tese.
Ao mesmi tempo, na Cultura Italiana – onde eu lecionei aulas de língua italiana por vinte anos -, eu criei o Coral “L’Italia tra noi” com o objetivo de cantar músicas antigas italianas. Foi muito bom. Na mesma época eu também passei a cantar no Coral “Gavroche” – criado pela professora Gilda Sureros, professora aposentada de língua francesa da UFJF – tempo delicioso. Como meu tempo é sempre irregular por conta da profissão de médico, acabei largando os dois corais.
Hoje, penso muito em voltar a cantar com o Pedro Kuri. Acho que vai ser muito bom.
Depois eu conto mais. Será que vai dar certo?
A MÚSICA E EU

Achei o máximo sua trajetória pela música! E conheço o Pedro de há muito, ele jovenzinho pelos corredores do Pró Música!
Na casa paterna, todos estudamos música desde bem pequenos e as melhores lembranças que tenho são, quando criança, nossa “bandinha” com piano, acordeon, violão, cavaquinho e as muitas vozes e, na juventude, nossos alegres saraus.
Como você, participei de corais. O da Receita Federal por anos, mesmo aposentada. Infelizmente, está parado desde a pandemia.
Volte ao canto, Artur! Cantar lava a alma!
É muito bom conhecer sua prosa. Normalmente vinha aqui pelas poesias. Grato por compartilhar esse fato seu. É interessante.
Obrigado